Uma campanha iniciada pela
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) quer coibir no país o uso do andador de
bebês, com o objetivo de aumentar a proteção de crianças contra acidentes que,
segundo eles, podem ser ocasionados pelo uso do equipamento.
O produto, que proporciona
“liberdade” a bebês com idade entre 6 e 15 meses, que ainda não andam sozinhas,
é considerado “perigoso” pelos especialistas.
Eles alertam para o risco de
acidentes como traumatismos, decorrentes da queda de crianças em escadas, ou
mesmo queimaduras, já que os bebês podem encostar em superfícies quentes.
De acordo com o médico pediatra
Danilo Blank, membro do Departamento Científico de Segurança da Criança e do
Adolescente da SBP, o andador também pode retardar a atividade muscular da
criança, “que fica pendurada, sem mexer a perna ou as articulações”. “É um
instrumento que não tem benefício e oferece risco grave de traumatismo”,
explica o médico.
A campanha da SBP se baseia em
dados da Academia Americana de Pediatria. Os números, referentes aos Estados
Unidos, indicam que a cada mil crianças com menos de um ano de idade que são
vítimas de acidentes domésticos, dez atendimentos médicos foram provocados pelo
uso do andador.
“Não existe dado brasileiro, mas
a realidade [americana] é bem parecida com a nossa. A grande maioria desses
acidentes tem relação com a queda de escada”, explica o médico.
Regras de segurança
Segundo Elio Santini Junior,
conselheiro da Associação Brasileira de Produtos Infantis (Abrapur), nenhum
fabricante tem a intenção de criar um produto que cause dano à criança.
No entanto, ele cobra do
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro)
a criação de regulamentação de segurança para tornar mais seguros os andadores
oferecidos no país. “Atualmente, não há normas de segurança no Brasil para
andadores.
Tendo uma norma (...) todos os
produtos, fabricados no país ou importados, passam por ensaios”, explica
Santini.
De acordo com o médico da SBP,
uma reunião que deve ocorrer com o Inmetro nesta semana pedirá ao órgão que
submeta os andadores a testes de segurança e, possivelmente, proíba a produção
dos equipamentos. “Minha opinião em relação a isso é que [os produtos] tinham
que ser destruídos e colocados no lixo”, diz Blank. Atualmente, apenas o Canadá
proíbe o uso de andadores para crianças, segundo a SBP.
Inmetro
O Inmetro confirma que não há até
o momento uma regra nacional de segurança para os andadores, mas observa que a elaboração de normas
técnicas é de competência da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
não do Inmetro.
"Existe uma análise em
andamento sobre o produto em questão. Ela se encontra em laboratório e,
portanto, não há dados disponíveis sobre os resultados no momento",
explica André dos Santos, chefe da Divisão de Orientação e Incentivo à
Qualidade do Inmetro.
Após a conclusão dessa análise,
está prevista a realização de um painel setorial internacional com as partes
interessadas para discutir a existência de riscos na utilização dos andadores.
"Na referida reunião, não
será discutida a proibição de comercialização ou fabricação do produto, ou
mesmo sua possível regulamentação. Qualquer ação do Inmetro só será adotada
após a conclusão da análise e deliberações do painel setorial, mediante
comprovação de riscos à saúde e à segurança do consumidor", explica
Santos.
Fonte: G1
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