quarta-feira, 2 de julho de 2014

Joaquim Barbosa sai à francesa

Nelson Jr./SCO/STFBarbosa entra no plenário do Supremo Tribunal Federal para última sessão antes da aposentadoria 
Barbosa entra no plenário do Supremo Tribunal Federal para última sessão antes da aposentadoria 


Ao deixar sua última sessão plenária de julgamentos, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou ontem que se aposenta “de alma leve”.

 Com aposentadoria prevista para os próximos dias, ele disse esperar que a presidente Dilma Rousseff indique para a sua vaga “um bom estadista”. Apontado nos últimos meses como possível candidato a cargo eletivo, Barbosa disse que não pretende entrar para a vida política.  “A partir do dia em que for publicado o decreto da minha aposentadoria, exoneração, serei um cidadão como outro qualquer, absolutamente livre para tomas as posições que eu entender necessárias e apropriadas no momento devido”, disse. “A política não tem na minha vida essa importância toda, a não ser como objeto de estudos e de reflexões”, acrescentou.

Em um de seus últimos votos como ministro do STF, Barbosa posicionou-se contra a aplicação na eleição deste ano de uma regra considerada inconstitucional pelo tribunal que levaria a uma redistribuição das cadeiras na Câmara. Ele aproveitou a oportunidade para fazer críticas. “Tem-se banalizado no nosso sistema, a seguinte prática, das mais bizarras: o tribunal declara inconstitucional, mas ao mesmo tempo modula efeitos da decisão e mantém o status quo “, afirmou.

Dias após ter se desentendido no plenário do STF com o defensor do ex-deputado José Genoino, Barbosa fez ontem críticas a advogados. “Com relação às agressões de advogados à minha pessoa e à figura do presidente do STF, foi uma das coisas mais chocantes durante esses 11 anos que passei aqui. Na verdade, o que se tem é que a prática do direito no Brasil está se tornando um vale-tudo, é uma constante quebra de braço. O sujeito perde nos argumentos, mas quer levar no grito, quer agredir, quer desmoralizar a autoridade.”

O ministro disse ainda que não pode haver conivência do Judiciário com abusos. “O Judiciário é o Poder cuja força está na sua credibilidade. Ele não dispõe do dinheiro, da bolsa, ele não dispõe das armas. Ele dispõe da credibilidade.

 No momento em que há conivência e complacência dentro do próprio Judiciário com esses abusos cometidos por certas pessoas, certas organizações, todo o edifício democrático rui, porque um Judiciário forte, com credibilidade e respeitado é um elemento fundamental de qualquer democracia”, concluiu.

Protagonista de episódios  de algumas saias-justas com colegas de corte e com jornalistas - certa vez ele mandou um repórter do Estadão catar lixo - Barbosa estava bem humorado, conversou por cerca de 15 minutos com a imprensa, ouviu elogios de visitantes e topou fazer uma "selfie" com jornalistas que estavam no Supremo para cobrir sua última sessão antes da aposentadoria.

Avesso a badalações, como ele mesmo explicou, Barbosa  mas frustrou expectativas de quem esperava um pronunciamento de despedidas.  Preferiu sair à francesa.

Fonte: Tribuna do Norte

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