domingo, 2 de agosto de 2009

Geografia da pobreza na região Oeste

A região do Alto Oeste do Rio Grande do Norte tem 370 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Deste total, 49 mil famílias vivem em situação de pobreza e extrema pobreza. O município de Mossoró não está incluído neste contexto. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que paga 52 mil Bolsas Família nesta região.

Para o especialista da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), professor Antônio Gomes, o quadro apontado pelo MDS é de extrema preocupação. Segundo ele, as pessoas estão entrando num mundo de ilusão e dependência, causado pelos programas assistenciais empregados de forma equivocada pelos governos, salvo algumas exceções, ao longo dos anos.

O levantamento engloba municípios de pequeno porte na região Oeste. Os maiores são Apodi, Caraúbas, Pau dos Ferros e São Miguel. Nos demais, o número de habitantes não passa de cinco mil. Quando muito, chega a 10 mil habitantes, como é o caso de Patu e Umarizal.
No caso de Mossoró, que tem 241 mil habitantes - 22 mil em situação de pobreza e extrema pobreza - segundo Antônio Gomes, não preocupa tanto quanto os demais municípios da região Oeste. "Mossoró é polo industrial, centraliza bancos, comércio, escolas, saúde e tem a Petrobras, ou seja, gera-se conhecimento e produz em escala industrial", explica Antônio Gomes.

Nas demais cidades do Oeste, apenas Pau dos Ferros se apresenta num cenário promissor, com características que parece com Mossoró, respeitando as devidas proporções. "Lá existem os serviços de saúde (não tão bom), educação razoável e comércio relativamente forte, que polariza 42 cidades do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba", diz Antônio Gomes.

O que deixa o professor de economia preocupado é o fato de haver 52 mil famílias, muitas com baixo grau de conhecimento, vivendo numa situação de pobreza (renda per capita que vai de R$ 60,00 a 120,00) e extrema pobreza (renda per capita de até R$ 60,00) numa região onde a produção é mínima. "Estas famílias produzem pouco ou nada. Dependem de programas sociais como Bolsa Família, do Governo Federal; Leite, do Governo do Estado; cestas básicas em alguns municípios e subsídios da previdência social", destaca o professor.

Ainda conforme o professor, este fator gera uma ilusão no comércio dos centros urbanos de que o quadro econômico vai bem, como consequência gera dependência. Nas famílias, ainda conforme o professor, o quadro é devastador. "As famílias, num quadro notadamente desprovido de conhecimento, não têm como produzir e terminam se acomodando com o que recebe do governo", finaliza o professor Antônio Gomes, ressaltando que o Governo é consciente e já está mudando a maneira de aplicar as políticas públicas.

Texto do jornal de fato: www.defato.com

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