Bruno BarretoEditor de Política
"Isso não. Pode trazer constrangimentos para o governo". Esta é a frase padrão do secretário Chefe de Gabinete do Palácio da Resistência, Gustavo Rosado, quando se trata da votação de matérias que não interessam à administração da prefeita Fafá Rosado (DEM), sua irmã.
Quem circula pelos corredores da Câmara Municipal e conhece a forma como é definida a pauta de votação no Legislativo municipal entende fácil como isso acontece: a pauta de votação é definida na tarde que antecede à sessão do dia seguinte. Após a definição das matérias, a líder do governo Cláudia Regina (DEM) envia a pauta via e-mail para Gustavo Rosado, que responde definindo o que deve ser aprovado ou não. A negativa predominante é para requerimentos da oposição solicitando transparência da administração.
O passo seguinte é uma missão a cargo da própria Cláudia, do presidente da mesa diretora Claudionor dos Santos (PDT) ou a primeira-secretária Niná Rebouças (DEM). Sendo esta última em menor grau de envolvimento. Eles tentam convencer o vereador que tem proposições que "podem trazer constrangimentos" a não colocar o requerimento ou projeto de lei em votação. Sempre com o aviso de que a bancada do governo vai derrubar a proposta. Tudo é acompanhado de perto pelo irmão da prefeita que mantém contato com os parlamentares.
O mesmo vale para quem apresenta proposições "que possam trazer constrangimentos para a presidência da Casa". Isso aconteceu na última semana quando o vereador Ricardo de Dodoca (PDT) retirou de votação requerimento que cobrava informações sobre a prestação de contas do Legislativo. Ele foi convencido a não levar a ideia adiante.
Ricardo pode ter se intimidado com o exemplo do colega de partido Jório Nogueira que foi praticamente enxotado da base da prefeita Fafá Rosado (DEM) por ter liderado o movimento no qual ele e mais nove vereadores governistas, incluindo o próprio Ricardo, assinaram uma carta se posicionando contra o fechamento de equipamentos na área de saúde.
A líder Cláudia Regina, única governista a não assinar o documento, tentou convencer Jório a recuar da ideia. Sem sucesso o jeito foi apelar para Gustavo Rosado. Quem assistiu a sessão plenária do dia 13 outubro percebeu que o telefone celular do pedetista não parava de tocar. Era Gustavo tentando convencê-lo a mudar de ideia com a já conhecida frase.
O resultado a população de Mossoró já sabe: a insubordinação de Jório resultou na exoneração de menos de dez apadrinhados do Poder Executivo. A punição teve caráter exemplar para a bancada governista que apostava na carta criticando as decisões do governo Fafá Rosado na área da saúde como um marco para a independência do Legislativo local. A atitude palaciana serviu para intimidar os parlamentares. Junto a isso, a imprensa que atende aos interesses palacianos espalhou a notícia de que o vereador da oposição Francisco José Júnior (PMN) estaria desembarcando no governismo. Numa tentativa de mostrar que existe gente da oposição querendo ir para o governo. O peemenista tratou de desmentir a notícia visitando todos os veículos de comunicação da cidade.
A estratégia deu certo. Na última sessão da semana requerimentos de autoria do vereador Genivan Vale (PR), cobrando transparência, foram derrubados sem qualquer justicativa da bancada do governo. Foram eles: solicitação de relatório da Gerência Executiva da Saúde contendo o quadro de nutricionistas, número da matrícula e onde estão lotados; pedido de explicações à Prefeitura de Mossoró sobre o não-pagamento aos servidores municipais referente a participação na campanha de vacinação antirrábica; solicitação à Secretaria Municipal de Administração e Gestão de Pessoas do organograma funcional do Centro de Controle da Dengue e os seus respectivos salários. Todas essas explicações são obrigações da prefeita Fafá Rosado como prevê o artigo 78 da Lei Orgânica do município.
Editor: Bruno Barreto
Nota do Blog: Muito boa matéria, méritos ao editor do texto Bruno Barreto, que descreveu de forma clara a real situação da Câmara Municipal de Mossoró, relatando uma situação que na verdade já era do conhecimento de todos. Todo poder de influência que poder ser utilizado pelo administrador da casa (Gustavo Rosado) será usado para levar a diante os projetos que lhe beneficiam, e derrubar os que o-denigram. O que tambem chama atenção é que vários pedidos de transparencia que poderiam ser utilizados para o esclarescimento de dúvidas, são derrubados sem justa causa, ou sem nenhuma explicação. A situação é lamentável.
Jornal O Mossoroense
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