segunda-feira, 11 de abril de 2011

Pessoas desaparecidas em Mossoró preocupam autoridades e famílias

A cidade de Mossoró além de conviver com inúmeros problemas de violência e drogas passa a absorver mais uma situação que vem se tornando comum e em muitas famílias já faz parte do cotidiano, que é a busca por pessoas desaparecidas. 

Atualmente, em caráter oficial, existem oito pessoas sumidas, que saíram de casa e não mais foram vistas por ninguém. Muito embora a polícia acredita que extraoficialmente esse número é bem maior, devido em muitos casos os familiares não comunicam às autoridades o desaparecimento dos entes queridos.

São crianças, adolescentes, jovens, adultos e até mesmo idosos que diariamente somem sem deixar rastros. 

O delegado Rubério Pinto, titular da 2ª Delegacia Distrital da Polícia Civil de Mossoró, diz que nos últimos três anos somente quatro casos de desaparecimentos foram investigados e concluídos, porém acredita que possa haver mais pessoas sumidas, que não tiveram os nomes conhecidos.

"Esse tipo de ocorrência ainda é um fato novo, no entanto preocupante. Os casos que tomamos conhecimentos de pessoas desaparecidas, mesmo que extraoficialmente, chamam nossa atenção para uma nova modalidade de crimes bem mais difíceis de serem investigados, devido à falta de provas e testemunhas", destacou o delegado.

Quando alguém some e a família comunica o fato à policia as chances de a pessoa ser localizada são bem maiores. "Se alguém desaparece, a família não precisa esperar 24 horas para denunciar. Tem que procurar imediatamente a polícia e comunicar o ocorrido, mesmo que a vítima seja localizada depois', explicou Rubério Pinto

Angústia

O motorista de caminhão Melquíades Duarte, pai de um adolescente de 17 anos que havia sumido em dezembro de 2010 e localizado pela polícia, esquartejado, dentro de um saco, no fundo do rio Mossoró, disse que a pressão psicológica enfrentada pela família é bem maior do o próprio homicídio.

"Quando meu filho sumiu ninguém mais teve paz e por onde a gente passava ficava procurando notícias dele. Nas estradas por onde eu andava, nas cidades e nas capitais de outros estados, procurava para ver se alguém dava algum roteiro de sua localização", contou o caminhoneiro.

Segundo o motorista, mesmo tendo encontrado o corpo do filho totalmente destruído, agora a família vai poder seguir com a vida adiante. "O desfecho não foi o que a gente queria, mas agora acabou. Sabemos que ele morreu e quando a perícia liberar os restos mortais vamos lhe dar um sepultamento digno", concluiu.

Melquíades Duarte de Morais Neto, conhecido como "Netinho", 17 anos, estava desaparecido desde o ano passado. A família registrou o boletim de ocorrência e o caso passou a ser investigado pelo delegado Rubério Pinto. No dia 1º deste mês populares encontraram o corpo do jovem dentro do rio, próximo à Favela do Pantanal.

Sem registros

Na 1ª DP do Alto de São Manoel, oficialmente nenhum caso de desaparecimento foi registrado. Entretanto, os agentes acreditam que isso ocorra por omissão da própria família que não registra Boletim de Ocorrência.

Cinco corpos foram sepultados sem reconhecimento

Dados fornecidos pelo Instituto Técnico e Científico de Polícia (Itep) apontam que desde a criação do controle de pessoas indigentes, em julho do ano passado, que foram necropsiadas e a família não apareceu para a liberação cadavérica, cinco corpos foram sepultados sem o devido reconhecimento.

Todas as vítimas enterradas como indigentes foram assassinadas e "desovadas" (abandonadas) em algum lugar de difícil acesso. Sem falar nas diversas ossadas humanas encontradas, muitas delas carbonizadas que  eliminam de vez a chance de serem identificadas.

O caso mais recente é o de um homem aparentando ter entre 30 e 35 anos, que foi encontrado morto no dia 8 de março deste ano, em uma estrada carroçável, e até sexta-feira estava na geladeira do Itep sem identificação.

O homem era moreno e usava cabelo estilo "rastafári", provavelmente foi morto em outro lugar e abandonado na zona rural. A direção do Itep não teve mais como aguardar o reconhecimento e na última sexta-feira sepultou o corpo do desconhecido.

Cadastro Nacional de Desaparecidos está desatualizado no RN

Lançado há um ano com o objetivo de ajudar as famílias a localizarem parentes que sumiram, o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (CNPD), do governo federal, pouco contribuiu para o aparecimento de pessoas e está totalmente desatualizado, tanto a nível nacional quanto estadual.

A ideia era unificar as informações, de todos os estados, sobre esse tipo de ocorrência que atinge muitas famílias. O sistema, que deveria centralizar as informações das polícias e facilitar as buscas, ainda não funciona.

O Ministério da Justiça admite que nem sabe quantos desaparecidos existem no país. 

Para se ter uma noção do quanto o sistema é atrasado, de março de 2010 a março deste ano teriam sumido apenas 40 pessoas, quando na verdade em apenas um dia em São Paulo somem 50 pessoas.


Técnico em informática está sumido há oito meses

 O técnico em informática Marcos Maciel Alves da Silva, 22, residente no bairro Bom Jardim, em Mossoró, está desaparecido desde o dia 7 de julho de 2010, depois de ter saído de casa para ir à feira do Vuco-Vuco.

Desde a época do sumiço até hoje, a família tem travado uma luta para localizar o rapaz, porém nunca conseguiu achar pistas que pudessem levar ao seu paradeiro.

"Colocamos notificações em jornais, revistas, blogs, cartazes, emissoras de rádios e televisão, porém ninguém viu ou ouviu falar alguma coisa que pudesse apontar seu paradeiro", destacou um irmão da vítima em entrevista à imprensa.


Marcos Maciel desapareceu depois que compareceu à polícia para testemunhar contra os acusados de um crime cometido em novembro de 2009.

A família reclama da falta de informações da Polícia Civil e diz que não tem estrutura para investigar o caso.

Fonte:Jornal O Mossoroense

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