Torna-se cada vez mais comum nos centros urbanos autoridades, como Corpo de Bombeiros e policiais, receberem trotes telefônicos. No entanto, essa brincadeira tomou outro formato e começou a ser realizado por indivíduos que desejam realizar crimes. Na cidade de Mossoró, é rotineiro os cidadãos receberem ligações anunciando prêmios, noticiando sequestros relâmpagos e informando sobre um acidente envolvendo algum membro da família da vítima e solicitando ajuda.
Especialistas dizem que, apesar de ter se tornado um fato recorrente e ser noticiado constantemente nas mídias, as pessoas ainda caem nessa cilada. Eles explicam que existem dois fatores que justificam o fato de pessoas experientes e bem informadas caírem no golpe. A primeira é que, por menos plausível que pareça a conversa dos bandidos, para uma enorme parcela dos brasileiros ela está longe de soar como ficção. Sequestros relâmpagos ou de cativeiro representam, para os moradores das mais diversas regiões, um pesadelo real.
A outra explicação tem origem na tortura psicológica imposta pelos bandidos. Eles afirmam às vítimas estar de posse de seus filhos ou, então, cônjuges. Geralmente as pessoas sequestradas são aquelas com quem as pessoas têm laços afetivos mais profundos.
A aposentada Helena Marques disse que quase caiu nesse golpe. "Um indivíduo ligou para minha residência se passando por um sobrinho que vinha me visitar. Ele disse que havia sofrido um pequeno incidente no carro e precisava da minha ajuda, pois não tinha dinheiro para fazer o conserto. Fiquei muito atordoada pela notícia e por pouco não caí nessa cilada", relatou Helena.
Ainda segundo a aposentada, uma de suas sobrinhas não teve a mesma sorte. "Ela recebeu a mesma ligação e coincidentemente um parente seu estava indo visitá-la, desta forma ela não pensou duas vezes quando o 'suposto' sobrinho pediu ajuda, e depositou em sua conta o valor de R$ 1.200. Ao ver que ela havia depositado o dinheiro, ele ligou novamente e pediu mais, alegando que a quantia enviada era insuficiente. Graças à intervenção do irmão, ela não depositou a importância restante", disse Helena.
O radialista Jaedson Freitas também foi vítima de um desses trotes. "Recebi uma ligação de um indivíduo me pedindo para colocar crédito em seu celular e, caso eu não fizesse o que ele estava pedindo, iria continuar me ligando, justificando que tinha muito tempo ocioso para realizar essa tarefa. Em um só dia eu recebi cerca de 500 ligações. Para evitar maiores transtornos, preferi mudar o número de meu celular", disse o radialista.
Diante deste quadro, policiais da cidade dão dicas de como proceder para se esquivar de incidentes como estes. Em primeiro lugar, as pessoas devem evitar colocar na agenda do celular nomes e fotos de familiares, pois estas informações podem ser utilizadas por criminosos em disque-sequestros.
Aqueles que receberem ligações suspeitas em seu celular devem duvidar dos criminosos que ordenam depósitos imediatos, e se por ventura essa situação vier a acontecer, devem se dirigir imediatamente à delegacia mais próxima e registrar a ocorrência.
Outro ponto destacado é nunca fornecer qualquer tipo de informação particular pelo telefone, tais como números de RG ou CPF, conta de banco, senhas, entre outros, e orientar as crianças que ao atenderem o telefone, elas não podem dar informações a pessoas de qualquer um dos moradores da casa.
Fonte: Jornal O Mossoroense
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