sábado, 16 de junho de 2012

Mãe de Alexandre recorda carreira do reserva tricolor na Libertadores de 92


Zetti, Muller, Macedo, Raí... Estes foram alguns dos principais nomes da primeira conquista da Libertadores do São Paulo, que completa 20 anos neste domingo. Mas naquele elenco vitorioso de 1992 também havia um personagem que não costumava estar nas manchetes, mas  teve grande importância no título.
Alexandre era o reserva imediato de Zetti e tido como uma das principais apostas do clube naquela década. Ele, inclusive, assumiu a meta são-paulina em duas ocasiões durante a competição e não levou um gol sequer. No primeiro jogo contra o Nacional, do Uruguai, pelas oitavas de final, Zetti foi expulso no segundo tempo, Alexandre entrou e garantiu o 1 a 0. No Morumbi, na partida de volta, o goleiro foi titular da equipe e teve uma boa atuação na vitória por 2 a 0, classificando o São Paulo às quartas.
Mas uma fatalidade impediu que a carreira do goleiro promissor continuasse. Praticamente um mês após a conquista do título, Alexandre se envolveu em um acidente automobilístico e morreu, aos 20 anos. Ele tinha acabado de comprar um carro novo e voltava de um churrasco na cidade de São Roque, onde estava com alguns jogadores do clube, quando bateu o veículo em uma mureta na rodovia Castello Branco. O goleiro estava sozinho e não resistiu.
Marilene Scobar - mãe do goleiro Alexandre do São Paulo de 1992 (Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)
O acidente é lembrado com muita tristeza pelos familiares e amigos de Alexandre. A mãe do goleiro Marilene Escobar, que mora em Sorocaba, no interior de São Paulo, sofreu de depressão durante anos e chora até hoje ao lembrar do filho.
- Minha vida era só falar dele. Não tinha outra coisa, foi muito triste. Ele queria nos fazer uma surpresa no sábado e olha o que fez... Ele viria aqui, queria mostrar o carro novo e também ficaria noivo, mandou fazer o anel e tudo. Aí aconteceu isso. Foi muito triste, nossa. Até hoje não me conformo com isso. Eu estava trabalhando, fazia jogo do bicho na rua, vendia cartilha, saia de manhã e voltava uma hora (da tarde). Até hoje eu não sei como recebi a notícia direito, uma amiga que trabalhava comigo me deu um comprimido, um remédio, que não me deixava chorar. Depois que passou, vieram os problemas, eu entrei em depressão, fiquei muito mal - relembrou emocionada a mãe do goleiro, que guarda em uma caixa grande de papelão todas as lembranças do filho, que variam de fitas VHS de jogos, faixas, flâmulas, agenda, documentos, brinquedos, fotos, recortes de jornal, camisa e até mesmo comprovantes de bichos.
Melhor que Rogério?
A fatalidade não mudou apenas a vida dos familiares de Alexandre, mas também a dos goleiros do clube. Segundo o ex-ponta-esquerda do São Paulo Paraná - que na época trabalhava como olheiro do time e foi quem descobriu Alexandre -, Zetti estava sendo negociado com um clube da Alemanha e Alexandre assumiria o posto. Porém, o acidente fez com que a diretoria do São Paulo recuasse e interrompesse a transferência do titular.
autografo Alexandre - goleiro do São Paulo 1992 (Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)

Mãe guarda autografo do filho Alexandre
(Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM

O Zetti ia mudar para um time da Alemanha, não me recordo o nome, em 92. Estava tudo certo. O Alexandre seria titular, e depois ele seria campeão mundial. Mas aí aconteceu aquilo... Se não fosse aquele acidente, talvez ninguém soubesse quem é Rogério Ceni, o Alexandre era muito melhor que ele. Mas não era só no gol que ele era bom, não. Ele era muito bom com os pés. Esse negócio de bater faltas que o Rogério faz, o Alexandre já fazia. O Alexandre jogava como meia também, e jogava bem. Melhor que muito meia que está jogando em alguns times aí (risos). Teve uma vez na base que um meia tinha machucado e escalaram o Alexandre. O Rogério jogou no gol e o Alexandre na linha. Ele fez até gol. O Alexandre era bom em tudo, principalmente no gol.

Em seu livro, "Maioridade Penal – 18 anos de histórias inéditas da marca da cal", Rogério Ceni corrobora as palavras de Paraná.

- Alexandre era muito melhor do que eu. Velocidade incrível de movimentos, excelente chute, bonito de ver jogar. Telê Santana adorava! (...) Minha carreira, com certeza, seria completamente diferente caso Alexandre não tivesse partido. Ele era apenas um ano mais velho do que eu. Ocuparia a sua posição por muito tempo. Quem sabe até hoje.


Marilene Scobar - mãe do goleiro Alexandre do São Paulo de 1992 (Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)
Mãe de Alexandre mostra flamula que ganhou dos jogadores após a morte do filho (Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)
Passados 20 anos, Marlene Escobar guarda um desejo: reencontrar Zetti, que era o grande ídolo e modelo de Alexandre, para a posição e a vida.
- A última vez que tentamos falar foi há uns 12 anos. Ele ligou, mas eu não estava, eu liguei de volta, ele ficou de retornar e acabou desencontrando. Tenho muita saudade do Zetti, adoraria falar com ele - conta a mãe de Alexandre.
Fonte: Globo Esporte


3 comentários:

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  2. estudei com ele na sexta serie , em sorocaba escola izidoro marins

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  3. era uma grande pessoa , não tinha cara feia , só ria ...Parecia que não tinha problema algum , saudades ....

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