
Radialista F. Gomes foi morto em 2010, em Caicó
(Foto: Sidney Silva/Cedida)
(Foto: Sidney Silva/Cedida)
Começa na manhã desta quinta-feira (10) em Caicó,
na região Seridó potiguar, o júri popular do comerciante Lailson Lopes.
Mais conhecido como Gordo da Rodoviária, ele é um dos acusados de
envolvimento no assassinato do radialista potiguar Francisco Gomes de
Medeiros, de 46 anos. F. Gomes foi morto a tiros na noite de 18 de
outubro de 2010 em frente da casa onde morava. Ele levou três tiros, foi
socorrido ao hospital mas não resistiu.
Segundo o juiz Luiz Cândido de Andrade Villaça, o julgamento será
realizado a partir das 9h no Fórum Amaro Cavalcante, no Centro da
cidade. O comerciante, que possuía uma loja de celulares na cidade, nega
ter qualquer envolvimento no crime.
No dia 6 de agosto do ano passado, também em júri popular realizado em
Caicó, o mototaxista João Francisco dos Santos, o Dão, foi condenado a
cumprir 27 de prisão em regime fechado pela morte do comunicador. Foi
ele quem puxou o gatilho. Já Lailson e outros quatro réus, que ainda
aguardam julgamento, são acusados de envolvimento no crime como mentores
intelectuais, pois segundo denúncia do Ministério Público, “ambos
encomendaram a morte de F. Gomes”.
Além do magistrado, participam do júri o promotor Geraldo Rufino de
Araújo Júnior e o advogado Janduí Fernandes, que atuam na acusação. O
advogado Anesiano Ramos fará a defesa do réu. O conselho de sentença é
formado por sete jurados.

João Francisco, o 'Dão', foi condenado pela morte
do radialista (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)
do radialista (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)
O assassino
O mototaxista João Francisco dos Santos pegou pena base de 25 anos e
seis meses pelo assassinato. O juiz ainda acrescentou à pena um ano e
meio pela resitência à prisão, totalizando 27 anos de reclusão em regime
fechado. Além disso, Dão foi condenado a pagar R$ 300 mil à família de
F. Gomes.
À época, ao final do julgamento, o juiz Luiz Villaça avaliou como
tranquilo o júri. "O povo de Caicó, mais uma vez, deu provas de
urbanidade e de educação. O júri foi extremamente tranquilo. A meu ver, a
sentença dada por mim ao condenado corresponde ao que a população
caicoense queria", falou ao G1.
O comerciante Lailson Lopes, que também deveria ter sido julgado em
agosto do ano passado, teve o júri cancelado porque a advogada Maria da
Penha Batista de Araújo abandonou a defesa do acusado logo após o início
da audiência. A advogada alegou foro íntimo para deixar o caso. Pela
renúncia, ela foi multada em 50 salários mínimos.
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Radialista F. Gomes foi morto em 2010
(Foto: Sidney Silva/Cedida)
Entenda o caso
Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, tinha 46 anos e trabalhava na rádio Caicó
AM. Foi assassinado na noite de 18 de outubro de 2010, deixando mulher e
três filhos. Ele foi atingido por três tiros de revólver na calçada de
casa, na rua Professor Viana, no bairro Paraíba, em Caicó. Vizinhos
ainda o socorreram ao Hospital Regional de Caicó, mas F. Gomes não
resistiu aos ferimentos.
Segundo inquérito, concluído pela delegada Sheila Freitas, a
execução do radialista foi encomendada por R$ 10 mil. Contudo, R$ 8 mil
foram pagos. “Três mil foram pagos pelo pastor para que Dão pudesse
fugir”, disse ela, revelando que o dinheiro pertencia à igreja onde o o
ex-pastor Gilson Neudo pregava. O restante teria sido pago pelo
tenente-coronel Moreira, "que juntou o dinheiro após vender um
triciclo", acrescentou Sheila. O dinheiro foi rastreado com a quebra do
sigilo telefônico e bancário dos investigados.
Além de ser apontado como o principal financiador do crime, o
tenente-coronel Moreira também teria razões suficientes para querer se
vingar de F. Gomes. O promotor Geraldo Rufino considera que as denúncias
feitas com frequência pelo radialista levaram ao afastamento do oficial
quando este dirigiu, em meados de 2010, a Penitenciária Estadual do
Seridó, o Pereirão. As denúncias, enfocando desmandos e atos do militar à
frente da unidade, foram tão graves que levaram o Ministério Público a
instaurar uma investigação contra Moreira.
Outro acusado que teve participação decisiva na articulação do
crime, ainda segundo a delegada, foi o advogado Rivaldo Dantas,
considerado o principal elo de ligação entre os envolvidos. “O advogado
foi o elo entre o Gordo da Rodoviária, o pastor e o mototaxista Dão,
além de também ter forte amizade com o tenente-coronel Moreira. A partir
daí, eles resolveram matar F. Gomes”, afirmou.
Ainda de acordo com Sheila, foi também pela forte influência e
domínio que Rivaldo tinha sobre Dão que o mototaxista foi contratado
para executar o serviço. “Dão é um sociopata. Para ele, matar é a coisa
mais comum do mundo. Ele viu a mãe se morta pelo padrasto quando
criança. Daí essa frieza dele”, emendou a delegada.
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As denúncias
O Gordo da Rodoviária e Dão foram denunciados, respectivamente, por
autoria intelectual e material do homicídio. O mototaxista, réu
confesso, admitiu ter puxado o gatilho. Já o comerciante, nega ter
qualquer envolvimento no crime.
Preso um dia após a morte do radialista, Dão cumpria mandado de prisão
preventiva na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, para onde foi
reconduzido ao final do júri. Ele deixou o plenário do Fórum Amaro
Cavalcante sem dar declarações à imprensa.
A delegada Sheila Freitas, que concluiu as investigações, falou sobre o
assassino logo após finalizar o inquérito policial. Segundo ela, “Dão é
um sociopata. Para ele, matar é a coisa mais comum do mundo. Ele viu a
mãe se morta pelo padrasto quando criança. Daí essa frieza dele”.
Outros indiciados
Os demais acusados - o advogado Rivaldo Dantas de Farias, o ex-pastor
evangélico Gilson Neudo Soares do Amaral, o tenente-coronel Marcos
Antônio de Jesus Moreira e o soldado da PM Evandro Medeiros - ainda
aguardam sentença de pronúncia, procedimento em que o juiz decidirá se
eles também sentarão no banco dos réus ou não. Todos negam.
O tenente-coronel, o soldado e o advogado aguardam a sentença de pronúncia em liberdade. O único que está preso é o ex-pastor, que cumpre pena por tráfico de drogas em Pau dos Ferros.
O soldado Evandro foi o único denunciado por homicídio simples - já que ele foi apontado apenas como o guardião da arma usada para matar o radialista. Se for levado a júri popular e condenado, sua pena pena pode variar de 6 a 20 anos de cadeia. Para os outros (todos denunciados por homicídio triplamente qualificado) a pena é mais rígida e vai de 12 a 30 anos de prisão.
O tenente-coronel, o soldado e o advogado aguardam a sentença de pronúncia em liberdade. O único que está preso é o ex-pastor, que cumpre pena por tráfico de drogas em Pau dos Ferros.
O soldado Evandro foi o único denunciado por homicídio simples - já que ele foi apontado apenas como o guardião da arma usada para matar o radialista. Se for levado a júri popular e condenado, sua pena pena pode variar de 6 a 20 anos de cadeia. Para os outros (todos denunciados por homicídio triplamente qualificado) a pena é mais rígida e vai de 12 a 30 anos de prisão.
Segundo o promotor criminal Geraldo Rufino, foram levados em
consideração três agravantes: motivo fútil, emboscada e morte mediante
promessa de recompensa.
Fonte: G1 RN
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