Fabio Motta/Estadão

Teixeira votou no Catar para ser sede da Copa de 2022
O ex-presidente da CBF,
Ricardo Teixeira, está sendo investigado por conta da escolha do Catar
como sede para a Copa de 2022. O brasileiro foi um dos que votou pelo
país do golfo para receber o polêmico Mundial. Mas, agora, entrou na
lista dos cartolas que o comitê de ética da Fifa está avaliando por conta de suas relações com dirigentes e investidores do Catar.
O processo está sendo liderado pelo americano Michael Garcia,
assessorado por um ex-funcionário do FBI e outro da CIA. Há pouco mais
de duas semanas, foi revelado que um ex-vice-presidente da Fifa, Jack
Warner, havia recebido US$ 2 milhões de Mohamed Bin Hammam, presidente
da Federação de Futebol do Catar. Os documentos faziam parte justamente
de uma investigação liderada pelo FBI.
Agora, o Estado apurou com fontes próximas ao
presidente Joseph Blatter que Garcia também está vasculhando a decisão
tomada por Teixeira. O brasileiro, que em 2012 deixou a CBF e a Fifa,
declarou na época que de fato votou pelo Catar para sediar a Copa de
2022.
As relações entre Teixeira e o país do Golfo chamaram a atenção dos
investigadores. O brasileiro apoiava Bin Hammam para ser presidente da
Fifa, em 2011, e fechou um contrato para dar os direitos sobre os
amistosos da seleção brasileira para a empresa ISE. A companhia tem sede
nas Ilhas Cayman, tem donos sauditas e uma ligação direta com Bin
Hammam.
Semanas antes do voto na Fifa, Brasil de Teixeira e Argentina de
Julio Grondona jogaram um amistoso no Catar. Segundo pessoas envolvidas
na organização da partida e segundo uma enquete da revista
FranceFootball, o Catar pagou um cachê duas vezes maior que o preço
normalmente cobrado pela seleção brasileira.
Em 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda aproveitou
uma passagem por Doha para apoiar a ideia da Copa no Oriente Médio.
Teixeira já não faz mais parte da Fifa e, portanto, não teria
obrigação de responder às perguntas que Garcia o enviaria. Mas o
investigador recebeu carta branca para tentar desvendar o que de fato
ocorreu na escolha da sede de 2022 e isso inclui também o voto do
brasileiro. Se for eventualmente condenado por algum tipo de
irregularidade, Teixeira poderia ser banido do futebol, o que
significaria que não poderia ser pago pela CBF por trabalhos de
consultoria, como ocorreu em 2013, e também teria sua aposentadoria
suspensa na Fifa.
REJEIÇÃO
REJEIÇÃO
A decisão de Garcia de sair em busca dos motivos pelos quais cada um dos cartolas votou pelo Catar deixou parte dos dirigentes da Fifa extremamente irritados. Reunidos em Zurique, alguns deles chegaram a propor que a investigação fosse encerrada. Joseph Blatter, presidente da Fifa e que foi contra a escolha do Catar, negou o pedido do grupo de cartolas.
Os dirigentes então tentaram reunir apoio para pedir a demissão de
Garcia e sua substituição por um novo investigador. Mas o grupo liderado
pelo argentino Julio Grondona e por Jose Maria Villar, presidente da
federação espanhola, não conseguiram apoio. Quem indicou ser favorável,
porém, a um encerramento da polêmica foi o presidente da Uefa, Michel
Platini.
Questionada pelo Estado, a Fifa evitou comentar o trabalho de Garcia, indicando que se trata de uma "investigação independente".
Fonte: Estadão
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