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Cartão deve ter limite baixo para crianças, sugerem especialista
Por lei, é preciso ter 18 anos para se ter um cartão de crédito próprio.
Nada impede, por outro lado, que o pai ofereça um cartão adicional ao
seu para o filho menor de idade. Afinal, o produto é prático e seguro –
mas educadores alertam para o risco de descontrole financeiro.
Conforme o iG apurou em agências
bancárias, é possível estabelecer um limite baixo para o cartão dos
filhos, com valor mínimo entre R$ 50 e R$ 200 por mês, em quatro bancos:
Caixa Econômica Federal, Itaú, Banco do Brasil e Santander.
Na
Caixa, por exemplo, o Cartão Adicional Mesada é anunciado como uma
forma de ensinar o filho a cuidar das finanças pessoais, com limite
máximo de R$ 500 e anuidade de 50% da do titular.
No Bradesco, a atendente de uma agência informou ao iG
não ser possível limitar o valor mensal do cartão de crédito para a
criança, que seria igual ao do responsável. Se o teto do adulto for de
R$ 4 mil, esta será a quantia liberada ao menor. Questionada sobre o
excesso de crédito, a funcionária sugeriu não contar à criança sobre o
alto valor disponível em seu cartão.
A assessoria do Bradesco,
contudo, desmentiu a orientação dada pela funcionária da agência,
esclarecendo não permitir o uso de cartão de crédito adicional por
menores de 16 anos. O banco disponibiliza apenas um produto de débito
pré-pago para o público infantil e adolescente.
O cartão adicional
pode ser boa opção para a criança, desde que se estabeleça um limite
baixo, na visão do especialista em finanças pessoais Maurício Galhardo.
“Se o cartão for dado como mesada, pode ser uma forma de treinar a
criança para as finanças. Caso contrário, pode ser perigoso”, diz.
Conforme
o filho prove aos pais que tem habilidade para cuidar do próprio
dinheiro, orienta o especialista, eles podem dar mais liberdade e
aumentar o limite do crédito gradualmente.
Mas se a criança
parcelar as compras no cartão, pode haver descontrole e esquecimento nos
próximos meses. Por isso, a recomendação é que as compras sejam todas à
vista.
Na opinião da educadora financeira Gisele Kobayashi, o
cartão de crédito não é a ferramenta ideal para ensinar o menor de idade
a lidar com dinheiro. “Se os adultos já têm dificuldade em controlar o
uso do proprio cartão, imagine a criança”.
Não há idade
ideal para começar a apresentar o produto ao filho, observam os
especialistas. Dependerá da evolução do entendimento da criança sobre
dinheiro e uso do crédito e da relação que os pais têm com as finanças.
Gisele
explica, ainda, que a ausência de cédulas e moedas em espécie no
dinheiro de plástico dificulta o entendimento da criança sobre o quanto
ela pode gastar ou precisa poupar, já que o cartão exige uma noção
abstrata que ela ainda não sabe adquiriu.
“Recomendo primeiro
ensiná-la a guardar o dinheiro em envelopes, separando seus diferentes
objetivos, e abrir uma conta poupança para ela aprender a pensar no
futuro”, orienta.
Dinheiro de plástico deve substituir o papel
Para
Galhardo, a substituição do dinheiro pelo cartão é um caminho sem volta
não só para os adultos. Por uma questão de praticidade e segurança, a
tendência é que os consumidores evitem usar moeda em espécie e deixem de
fazer saques nos caixas eletrônicos.
Com isso, diz o
especialista, as crianças tendem a se familiarizar, cada vez mais, com o
cartão. “Já que o item é quase inevitável, o cartão de débito é uma
opção mais segura, uma vez que os filhos só vão gastar o que os pais
colocarem em sua conta”.
Outra vantagem do produto sobre o crédito
é que o cartão de débito não cobra anuidade. Os pais podem monitorar a
movimentação dos gastos do filho, por meio do extrato bancário.
Esse
controle não é possível com dinheiro físico, lembra Galhardo. Mas o
cartão de débito, quase sempre, exige a abertura de uma conta corrente
no banco, com autorização prévia do adulto, e pode haver cobrança de
taxas pelos serviços embutidos.
A preferência do brasileiro pelo
crédito é latente. Em 2013, o volume de transações com cartão de débito
representou pouco mais de 55% do total efetuado no cartão de crédito.
De
acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e
Serviços (Abecs), foram movimentados R$ 537 bilhões no crédito em 2013
(referente a transações apenas no Brasil, excluindo as compras de
brasileiros no exterior), contra R$ 299 bilhões no débito.
Prós e contras do cartão de crédito para crianças:
VANTAGENS | DESVANTAGENS |
Praticidade, segurança e monitoramento dos gastos da criança | Limite alto gera risco de descontrole |
Introduz noção sobre crédito | Compra parcelada pode burlar o limite mensal |
Instrumento para controle da mesada | Dificuldade em abstrair o dinheiro disponível |
Fonte: Consultores via IG
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