João Araújo, professor do Departamento de História, fala sobre a Primeira Guerra Mundial – Foto Wilson Moreno
O início da Primeira Guerra Mundial completa 100 anos amanhã, 28.
Apesar de tanto tempo, muitos dos conflitos existentes hoje são
consequências desse combate e, mesmo assim, o motivo que levou à guerra
ainda é desconhecido, embora existam especulações.
O professor do Departamento de História da Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte (UERN), João Araújo, diz que “o conflito de 1914 tem
extrema importância para a época de hoje. Conflitos regionais que
existem na África, no Leste Europeu e no Oriente Médio são consequências
da Primeira Guerra Mundial”.
O professor cita como herança desse conflito a divisão da população
árabe em vários Estados, pelo Império Turco Otomano. Essa divisão
quebrou o compromisso que a Inglaterra, a aliada do Império, tinha de
fortalecer o Estado Árabe, mas que acabou sendo transformado em vários
Estados fracos.
João Araújo enfatiza que o termo Primeira Guerra Mundial só foi
conhecido após a Segundo Guerra Mundial, antes disso, o conflito era
conhecido como a Grande Guerra, devido ao poder destrutivo e a violência
empregada no embate. “Ninguém acreditava que haveria outra, porém houve
a segunda, ainda mais destrutiva, selvagem e generalizada que a
primeira”, frisa.
Segundo o professor, ainda são discutidos os motivos que levaram à 1ª
GM e quem começou. “A Segunda Guerra tem muita clareza que quem iniciou
e sabe-se por que a guerra começou”, fala.
Um possível estopim para o conflito teria sido o assassinato de
Fernando da Áustria, arquiduque e herdeiro do trono do Império
Austro-Húngaro, por um terrorista sérvio. Por causa do assassinato, a
Áustria declarou guerra à Sérvia. Até então, o combate tinha tudo para
ser localizado. No entanto, embora não fosse divulgado, era comum às
grandes nações europeias fazerem alianças secretas.
A Sérvia tinha um tratado com a Rússia. “Caso fosse agredida, a
Rússia entraria com auxílio”, explica João Araújo. A Rússia, por sua
vez, tinha o mesmo acordo com a França e a Inglaterra. Esses dois
últimos tinham razões para lutar contra a Alemanha, a aliada do Império
Austro-Húngaro. A França já tinha perdido território importante para a
Alemanha e a Inglaterra já havia sido superada por ela. Ambas usaram a
Rússia como justificativa para entrar no combate. Outros aliados locais e
colônias pertencentes aos dois lados também entraram na briga. “O
Conflito que seria localizado tornou-se generalizado, mas europeu. Mas
não se explica porque durou quatro anos e por que foi tão destrutivo.
Ninguém sabia por que estava se lutando. Antes havia guerra para dominar
território ou pagar tributos”, afirma o professor.
Como na época não existiam armas ofensivas como os mísseis, e os
tanques estavam em fase de desenvolvimento, a arma mais temida eram os
gases, porém não tão eficientes, já que dependendo da direção do vento
poderia voltar para quem o usou. Dessa forma, era muito difícil destruir
uma área defendida e desalojar o inimigo. O professor destaca como arma
mais poderosa a metralhadora, que foi criada pelos europeus para lutar
contra os africanos, que para eles era um povo inferior. O uso dessa
arma voltou-se contra a própria Europa. “Eram três grandes nações em
guerra, com exceção do império, eram grandes nações capitalistas, não
existia limites, não existia acordo”, destaca João Araújo.
A Primeira Guerra Mundial, que começou em 28 de julho de 1914,
terminou quatro anos depois, em 11 de novembro de 1918, e resultou na
morte de cerca de 10 milhões de pessoas. “O fim não levou a nenhuma
solução. Nenhum problema foi resolvido. Vinte e um anos depois surge a
Segunda Guerra Mundial, que ao contrário da primeira, solucionou vários
problemas”, ressalta o professor de História.
Do Jornal Gazeta do Oeste
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