Foto: Reprodução
Mussum
Pobres, carismáticos, munidos de desculpas esfarrapadas e de um humor
afiado que ignorou os anos de suas mortes. Mussum e Seu Madruga,
personagens dos humorísticos Os Trapalhões e Chaves,
respectivamente, representam a personificação do típico "underdog",
palavra em inglês que denomina o "azarão" ou "perdedor", mas que de
alguma forma dá a volta por cima e deixa sua marca. Nestes casos, a
memória de ambos, graças à internet, não só ficou preservada, como é
mais vívida do que nunca.
Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, nos deixou
cedo, vinte anos atrás hoje, no dia 29 de julho de 1994, aos 53 anos de
idade, depois de um transplante de coração mal-sucedido. Já o morador da
casa nº 72 da vila de Chaves, vivido por Ramón Valdés, morreu no dia 9
de agosto de 1988 após enfrentar um severo câncer de pulmão.
Mais de 20 anos nos separam das mortes destes
comediantes, e mesmo assim, suas imagens são recorrentes em nossos
cotidianos. É praticamente impossível passar batido pelas timelines de
Facebook, Twitter ou Instagram sem se deparar com o rosto de um deles
ilustre um meme - montagens humorísticas -, um link do YouTube ou quem
sabe uma frase eternizada por um dos dois.
O paralelo entre Mussum e Seu Madruga é quase óbvio. A
falta de dinheiro é assunto recorrente entre ambos. O personagem de
Chaves vive se esquivando de Seu Barriga por dever catorze meses de
aluguel. A arte da esquiva também é levantada sempre nos Trapalhões. Ao
entrar no bar, Mussum é confrontado por dever 500 cruzeiros para um
conhecido. "Isso não está certo mesmo. Você pode me encontrar amanhã pra
gente resolver isso?", questiona. "Claro que posso", responde o
conhecido. "Mas eu não. Quer estragar o meu dia, rapaz".
Amante do samba e de uma boa cachaça, ou "mé", como ele
mesmo apelidou, Mussum usava de seu humor para lidar com as mazelas de
ser um morador do morro e pobre. O fato de ser negro nunca fugiu das
piadas dos Trapalhões, inclusive, eram tópico recorrente. "Não sou faixa
preta, compadre. Sou preto inteiro, inteiro" ou "negão é teu passado",
eram frases recorrentes mostrando sua auto-afirmação. Não existe tempo
ruim que não seja curado com uma dose de cachaça e uma piada.
Foto: Reprodução
Seu Madruga
Já Seu Madruga, originalmente o Don Ramón, alternava o
seu mau humor pela falta de dinheiro de com sábios ensinamentos que
passava às crianças do melhor tipo "faça o que falo, não faça o que
faço". Em meio aos trambiques, desculpas esfarrapadas ao senhor barriga e
empregos temporários, sempre soltava um momento filosófico para os
jovens da vila: "a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena".
Tamanha personalidade e força dos dois personagens fez
com que ambos se tornassem ícones da cultura pop. Seu Madruga e Mussum
sobreviveram as mortes de Ramón Valdés e Antônio Carlos Bernardes Gomes e
ganharam vida eterna nas timelines por meio de memes, camisetas,
tatuagens, contas no Twitter e páginas do Facebook. Mussum e Seu Madruga
Forevis.
Do Site Terra
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