Na próxima quarta-feira (6), a Comissão de Corrupção
Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil de Alagoas (OAB/AL) discute,
ao lado da polícias Federal e Militar, ações conjuntas para o combate à
compra de votos e cadastro de eleitores no Estado.
Segundo o advogado e presidente da comissão da OAB,
Antônio Carlos Gouveia, o encontro traçará planos para operações, uso do
serviço de inteligência e identificação de lideranças que arregimentam
eleitores.
Os valores que os candidatos oferecem aos eleitores, por
troca de votos, variam entre R$ 50 e R$ 150 no Estado. A oferta varia
de acordo com cada região.
Nos bairros de Ponta Grossa, Vergel do Lago, Trapiche da
Barra e Dique Estrada - que ficam na parte baixa da capital alagoana
- cada voto conquistado custa cerca de R$ 70. No litoral sul, o preço
chega a R$ 150. No interior, o voto é comprado por R$ 50. No entanto,
ele também pode ser trocado por sacos de cimento e ainda reforma de
parte das casas.
Há ainda os políticos que "vendem seu
eleitorado". Vereadores com 4 mil a 5 mil eleitores costumam cobrar
cerca de R$ 200 mil. Enquanto isso, os que possuem liderança em bairros
da capital cobram R$ 100 mil.
A derrama de dinheiro também existe para quem tem
mandato: há deputados federais cobrando entre R$ 1 milhão e R$ 1,5
milhão para declarar apoio a candidatos a governador. Alguns
parlamentares estaduais pedem entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão.
O Terra conversou com um dos candidatos
a deputado estadual, que assume ter R$ 50 mil, em dinheiro, para gastar
na compra de votos. Mas, além disso, ele diz que procura duas
coligações para ofertar sua “carteira” de eleitores: entre 2 mil e 3 mil
votos. A ideia é não ter que tocar no seu orçamento inicial, mas
receber dinheiro e trocá-lo por votos.
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O
candidato atua em três bairros na capital. Não é diplomado nem nunca
estudou para ser “doutor”, mas atua como dentista. Cobra preços
populares para arrancar dentes, tratar cáries e, claro, orientar o
cliente a votar em seu candidato.
“Tenho dinheiro mas não vou gastar um centavo. Eu? Tenho
65 anos, estou mais para lá do que para cá. Chego junto, ofereço. Se
não quiser, tem quem queira”, explica.
“Não entro para gastar. O segredo é esse: você entra mas
tem que ter dinheiro na mão. Porque você vai usar o dinheiro deles. Aí
você usa só um pedacinho. Quem é novo chega e já quer ‘enricar’. Vai
não. Tem que gastar, não muito, mas tem de gastar”.
O preço cobrado pelo voto em Alagoas é o terceiro mais
caro do Brasil: uma média de R$ 71,85 por eleitor, diz o Tribunal
Superior Eleitoral. Se forem levados em conta os valores a serem gastos
nas eleições ao Governo do Estado, a soma chega a R$ 142,5 milhões. Com
menos de 2% do eleitorado nacional, Alagoas lidera ainda em
analfabetismo: 28% dos eleitores declararam que só sabem ler ou escrever
o próprio nome ou ainda são analfabetos.
Do site Terra
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