José Ferreira Vieira, de 23 anos, acorda antes do sol nascer. Às
cinco da manhã ele começa uma rotina dura, mas a enfrenta com um sorriso
no rosto por acreditar que o esforço um dia dará lugar à realização do
sonho de tornar-se um engenheiro de software. E ele não está longe
disso, pois cursa o terceiro período de Análise e Desenvolvimento de
Sistemas do IFPB Campus Cajazeiras, um dos cursos superiores mais bem
avaliados do país na área de tecnologia. Só que para conseguir estudar,
ele enfrenta uma série de barreiras, que muitos julgariam impossíveis de
transpor. Muitos, não ele.
Zé, como é chamado pelos colegas, mora no sítio Umburana, zona rural do município de São João do Rio do Peixe, distante cerca de 30 km de Cajazeiras. Ele nasceu prematuro, em decorrência de problemas de saúde da mãe, que teve leucemia antes da gravidez. Devido a uma falta de oxigênio no cérebro, José teve paralisia e não tem o movimento dos membros inferiores.
A mãe era muito doente e morreu quando o menino tinha sete anos.
Criado sozinho com o pai, que tinha que se dividir entre os cuidados com
o filho e o trabalho no roçado, Zé só começou a frequentar a escola aos
oito anos. Mas daí pra frente não parou. Concluiu o ensino fundamental,
fez o médio por supletivo, e conseguiu, sem a ajuda do sistema de
cotas, ser aprovado no ENEM e agarrou uma vaga para o curso superior com
o qual sonhava.
E quando se diz que ele agarrou a oportunidade, não é força de
expressão. De acordo com Fábio Gomes de Andrade, coordenador do curso de
ADS, Zé é de longe o aluno mais esforçado. “Por ter feito supletivo e
não ter tido uma base escolar tão boa, ele sofreu muito para acompanhar
os outros no começo. Mas eu nunca vi ninguém com tanta vontade. Ele não
falta uma aula, apesar de toda a dificuldade que tem de chegar aqui, mas
corre atrás, pede ajuda e enfrenta tudo sempre sorrindo. É um exemplo
para todos”, conta o professor.
José sai de casa antes das seis da manhã. De moto com o pai percorre
cerca de seis km de estrada de terra até chegar ao ponto onde pega uma
Van que o deixa no IFPB. Como o curso é integral e ele passa o dia
inteiro no IF, muitas vezes tem que voltar de carona ou transporte
alternativo, e acaba ficando em Marizópolis, onde o pai vai busca-lo por
volta das seis da tarde, e na velha motocicleta são mais de dez
quilômetros até chegar à sua casa.


Nenhum comentário:
Postar um comentário