
Pedro Felipe: falta transparência do governo (Foto: Wellington Rocha)
O estudante Pedro Felipe Melo Menezes, 18, é um aficionado por
tecnologia da informação e, uma surpresa considerando sua idade, por
política. Na semana passada, ele foi projetado para os holofotes
nacionais por ter desenvolvido uma ferramenta que revelou ao país que
alterações em verbetes da Wikipédia contra jornalistas foram feitas a
partir do Palácio do Planalto. Para Felipe, o caso revela a falta de
transparência do governo.
“É uma vergonha que esse caso tenha sido revelado por mim, um cidadão
comum. Isso deveria ter partido do próprio governo”, declarou com uma
assombrosa firmeza o aluno de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do
Instituto Federal do Rio Grande do Norte.
Os perfis alterados da Wikipédia, a enciclopédia colaborativa, foram
os dos jornalistas Carlos Alberto Sardenberg, da rádio CBN, e de Miriam
Leitão, colunista de economia do jornal O Globo. À biografia de ambos
foram acrescentadas críticas. A presidente Dilma Rousseff classificou o
caso de “inadmissível” e ordenou abertura de sindicância.
“Há meios de identificar quem fez isso. Falta interesse do governo.
Tudo depende de como eles armazenam seus dados”, rebateu Felipe, diante
da informação de que o governo diz não ter como saber exatamente de qual
terminal partiu as alterações.
O caso é ainda mais controverso em razão de ter acontecido sob a nova
legislação imposta pelo Marco Civil da Internet. Especificamente sobre
privacidade, a nova lei diz que os provedores devem guardar o registro
de acesso geral à internet por um ano. A explicação oficial é que o
governo só os guarda por seis meses.
Ferramenta
O dispositivo criado por Felipe é inspirado na ferramenta análoga que
monitora alterações de verbetes da Wikipédia a partir do Congresso
americano.
Na Wikipédia, ficam registrados os IPs – espécie de identificação
virtual de uma máquina conectada à internet – das alterações anônimas.
Nesse caso, ele mapeou todos os IPs do governo federal – “Basta
conhecimento avançado em redes”, explicou o estudante – e montou em
seguida o perfil @brwikiedits, que publica no Twitter as alterações.
Com tanto conhecimento sobre o assunto, a reportagem questionou se o
garoto toparia mudar de lado, e trabalhar a serviço de governo. “De
jeito nenhum”, respondeu prontamente.
No Twitter, a descrição do WikiEdits é de “Bot cidadão que monitora
alterações ao Wikipédia a partir do Senado, STF, Câmara, Serpro, Proc.
Geral da República, Dataprev, Petrobras, BCB, BB e Caixa”. O interesse
de Felipe em monitorar o governo parte de seu gosto pelo debate.
“Gosto de debater, discutir ideias. Outros países alcançaram
desenvolvimento econômico, social e político e o Brasil ainda continua
assim”, comentou Felipe.
Do Portal no Ar
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