Carros-pipa foram utilizados para abastecer a cidade devido à falta de água ocasionada pela seca – Foto Portal Cofemac
A proximidade com os fatos levou dois estudantes de ensino médio, da
Escola Estadual Mariana Cavalcanti, no município de Luís Gomes, a
desenvolver uma pesquisa com o objetivo de analisar o comportamento das
pessoas relacionado à escassez no abastecimento e ao uso consciente da
água. A população foi ouvida por amostragem, de maio a setembro do ano
passado, num total de 400 pessoas. Os resultados da pesquisa foram
preparados para apresentação durante a 12ª Feira de Ciências e a 3ª
Mostra de Iniciação Científica (FEMMIC 2014), em Salvador.
De acordo com a estudante pesquisadora Sara Lima e Silva, “durante
dois anos, a cidade foi abastecida por carros-pipa com água extraída do
reservatório hídrico de Pau dos Ferros (distante cerca de 40 quilômetros
de Luís Gomes). Cada habitante tinha direito a 20 litros de água para o
consumo diário retirados nas caixas d’água, distribuídas na cidade (49
pontos) e pelas comunidades rurais (23 pontos)”. Os olhares dos
estudantes se voltaram para uma pesquisa no campo das Ciências Sociais,
na busca de encontrar respostas para o comportamento de pessoas que
gastavam cerca de duas horas por dia, em filas, para abastecer suas
casas com água.
Segundo o jovem pesquisador Francisco de Assis de Oliveira Júnior,
“pudemos constatar, através dos questionários e das enquetes que a
população recebe água, em quantidade delimitada, e acredita que o volume
de chuvas não é suficiente para abastecer os reservatórios hídricos
localizados no semiárido, mas muitas vezes se comporta de maneira
indiferente a situação de escassez. O que concluímos foi a necessidade
de um programa de conscientização da população, para o uso da água com
responsabilidade e sua efetiva valorização para a sobrevivência da vida
na região”.
As análises dos pesquisadores foram confirmadas pela orientadora do
projeto e professora de Língua Portuguesa e Educação Física, Solange
Batista da Silva. Para a professora, “a pesquisa sobre a convivência da
população na comunidade de Luís Gomes durante dois anos de seca nos
mostrou que há uma apatia por parte da população, no que se refere a
situação de falta de água. Mesmo sofrendo consequências drásticas, a
pesquisa registrou comportamentos relacionados ao desperdício e também a
descrença de que a água potável poderá se tornar uma raridade,
principalmente no semiárido”.
O projeto foi premiado, durante a 3ª Feira de Ciências do Semiárido
Potiguar, realizada em Mossoró, em outubro do ano passado. A Feira é
parte integrante do Programa de Extensão Ciência para Todos no Semiárido
Potiguar, da UFERSA – Universidade Federal Rural do Semiárido e da UERN
– Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, em parceria com a
Secretaria de Estado da Educação e da Cultura e apoio das DIREDs –
Diretorias Regionais de Educação.
Segundo dados da Gerência de Transferência de Tecnologias e
Comunicação, da EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande
do Norte, com base na média histórica de chuvas, a seca de 2012 foi a
maior dos últimos 55 anos.
Do Jornal Gazeta do Oeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário