
Artur Ávila ganhou prêmio Medalha Fields
(Foto: Divulgação/IMU)
(Foto: Divulgação/IMU)
O matemático Artur Ávila Cordeiro de Melo, de 35 anos, recebeu nesta
terça-feira (12) a Medalha Fields, um prêmio equivalente ao "Nobel" de
matemática. Ávila é o primeiro brasileiro a receber o Medalha Fields. O
prêmio é dado para a União Internacional de Matemáticos (IMU) a quatro
pesquisadores do mundo. Os outros três ganhadores são Manjul Bhargava,
da Universidade de Princeton (EUA); Martin Hairer, da Universidade de
Warwick (Inglaterra) e Maryam Mirzakhani, da Universidade de Stanford
(EUA), uma iraniana que é também a primeira mulher a ser premiada. O
prêmio foi anunciado em um congresso de matemáticos na Coreia do Sul.
No argumento, os diretores da IMU destacaram o trabalho de Ávila por
suas "profundas contribuições na teoria dos sistemas dinâmicos
unidimensionais", em que estuda o comportamento de sistemas sujeitos a
alterações constantes. Esses sistemas podem ficar mais ou menos estáveis
ou caóticos, e é difícil distinguir quando cada caso pode acontecer.
O prêmio Medalha Fields foi criado em 1936 pelo matemático canadense
John Charles Fields, e é anunciado pela IMU a cada quatro anos para
jovens matemáticos de até 40 anos de idade. Além da medalha, os quatro
vencedores recebem 15 mil dólares canadenses, cada (R$ 31 mil). A
premiação é considerada pelos norte-americanos e canadenses o prêmio
mais importante da matemática. Já os europeus dão mais importância a
outro prêmio internacional, o Abel.
Início nas olimpíadas
O carioca Artur Ávila começou sua carreira com as olimpíadas de matemática na época de escola. Hoje, divide as funções de diretor de pesquisa em dois importantes institutos: o Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), em Paris, e o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro. Vive seis meses em cada uma delas.
Ávila é convidado para palestrar e participar de seminários de matemática no mundo todo.
“Gosto de falar de matemática mas com foco na parte mais criativa.
Matemática não é árida, tem acesso a muitos recursos. O problema é que
na escola o aluno só tem contato com a parte árida, com as regras, as
fórmula aqui e ali. Isso o computador tá ali e faz. O matemático faz as
coisas que o computador não faz, como a parte criativa que não é
repetitiva.”
Aluno aplicado, sempre gostou de estudar, mas tinha interesse em
“aprender coisas além da escola.” Os pais, que moram no Rio de Janeiro,
não são ligados ao meio acadêmico, mas sempre tiveram interesse em
satisfazer o interesse do menino sobre matemática, comprando livros.
A estreia nas olimpíadas foi ainda no ensino fundamental, na extinta 7ª
série, hoje 8º ano. Ávila foi para três competições internacionais e
conquistou medalha de ouro em todas. “Sempre gostei de matemática, mas
em olimpíada era diferente. Um professor passou na sala e chamou os
alunos para participarem do evento. Fui e gostei logo de cara.”
Ávila fez graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
cursou o mestrado e o doutorado em matemática concomitantemente, no
Impa. Aos 19 anos, ele começou sua tese de doutorado baseada na teoria
de sistemas dinâmicos. Terminou em 2001, quando foi para França fazer
pós-doutorado. Optou por não dar aulas, e hoje está mais focado na área
de pesquisa de sistemas dinâmicos.
De 2003 a 2008, ele teve uma cadeira permanente no Centro Nacional de
Pesquisa Científica da França (CNRS), e em 2008 se tornou o diretor de
pesquisa mais jovem da instituição. Desde 2009, ele ocupa um posto
simultâneo como pesquisador no IMPA, e em 2013 foi eleito membro titular
da Academia Brasileira de Ciências.
“É uma profissão que dá muita liberdade de exercer a criatividade, pois
é possível escolher o que problema que se vai trabalhar. Não existe
hierarquia formal e todo mundo está no mesmo plano, a princípio. No meu
caso, as olimpíadas tiveram papel muito importante, foi essencial,
aconteceu num momento apropriado e não poderia ter funcionado melhor.
Sou muito agradecido por ter tido essa oportunidade.”

Artur Ávila faz trabalhos de pesquisa em matemática em Paris e no Rio de Janeiro (Foto: Arquivo pessoal)
Veja as principais premiações de Artur Ávila
- Bronze na OBM em 1992;
- Ouro na OBM em 1993, 1994 e 1995;
- Prata na Cone-sul em 1994;
- Ouro na Ibero-americana, Cone Sul e Internacional em 1995,
- Prêmio Salem em 2006;
- Prêmio da Sociedade Matemática Europeia em 2008;
- Grand Prix Jacques Herbrand da Academia de Ciências da França, em 2009;
- Prêmio Michael Brin, em 2011;
- Medalha Fields, em 2014.
- Bronze na OBM em 1992;
- Ouro na OBM em 1993, 1994 e 1995;
- Prata na Cone-sul em 1994;
- Ouro na Ibero-americana, Cone Sul e Internacional em 1995,
- Prêmio Salem em 2006;
- Prêmio da Sociedade Matemática Europeia em 2008;
- Grand Prix Jacques Herbrand da Academia de Ciências da França, em 2009;
- Prêmio Michael Brin, em 2011;
- Medalha Fields, em 2014.
Do G1
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