MPRN
Promotores relatam detalhes da operação
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), através do Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), em atuação conjunta com
a 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Nova Cruz, com apoio da Polícia
Militar, deflagrou na manhã desta quinta-feira (16), operação destinada a
desarticular ações criminosas praticadas por pessoas de uma mesma família as
quais atuam em falsificações de documentos cartorários de registros e escrituras
públicas em nome do Cartório Único de Montanhas.
Vinte
policiais militares apoiam os Promotores de Justiça no cumprimento dos mandados
de buscas e apreensões e prisões preventivas. Foram expedidos pelo Juízo da Vara
Criminal da Comarca de Nova Cruz quatro mandados de busca e apreensões e dois
mandados de prisão preventiva, os quais estão sendo cumpridos nas cidades de
Natal e Montanhas.
No curso da
investigação, restou evidenciado a existência de um “esquema” de desvio de
dinheiro (peculato), falsificação de registro e escrituras públicas,
estelionato, falsificação de carimbos e selos, usurpação de função pública,
envolvendo as pessoas de Autran Martins Tavares, Lauro Riccelli de Lima Tavares
e Lairton Galvão de Lima Tavares, pai e filhos, respectivamente.
O primeiro
exercia a função de tabelião enquanto o segundo e terceiro o de tabeliães
substitutos, ambos até meados de 2014, do Cartório Único de Montanhas, quando
foram afastados após sindicâncias judiciais decorrentes da Corregedoria-Geral do
TJ e da Direção do Foro da Comarca de Nova Cruz, quando ficou demonstrado que os
mesmos atraem pessoas com a falsa e criminosa intenção de regularizar os seus
imóveis, falsificando as escrituras públicas, bem como os registros,
recolhimento de taxas e emolumentos, os quais deveriam ser recolhidos aos cofres
públicos, e desviando boa parte do dinheiro de inúmeras vítimas, notadamente de
Natal e Parnamirim.
Os
investigados se utilizam de livros, números e selos de outros cartórios, bem
como falsificam assinaturas de outros tabeliães dos mais diversos cartórios
desse Estado. Quando os ofendidos procuravam os respectivos cartórios da
circunscrição do imóvel para verificar a averbação da documentação, percebiam a
fraude e o golpe de que tinham sido vítimas. Além disso, restou evidenciada a
apropriação (peculato) de cerca de R$ 574.000,00 (quinhentos e setenta e quatro
mil reais) de um casal francês transferido diretamente de um banco francês para
a conta do cartório de Montanhas.
Em razão
dos elementos colhidos durante a investigação, ficou demonstrado a materialidade
e fortes indícios de autoria dos crimes de estelionato (art. 171, do Código
Penal), peculato (art. 312, do Código Penal), falsificação de documentos
públicos (art. 297, do Código Penal) e de selo e sinal público (art. 296, do
Código Penal), uso de documentos públicos falsificados (art. 304, do Código
Penal), falsidade ideológica (art. 299, do Código Penal) e usurpação de função
pública (art. 328, do Código Penal).
Por fim, os
valores subtraídos e desviados configuram um dano aproximado no valor de R$
1.500.000,00 (hum milhão e quinhentos mil reais). Ademais, além de diversas
investigações instauradas pelo Ministério Público Estadual, existem 11 (onze)
sindicâncias abertas na Direção do Foro da comarca de Nova Cruz oriundos de
reclamações feitas perante a Corregedoria-Geral de Justiça do Estado.
Ate o
presente momento, o Ministério Público Estadual já identificou aproximadamente
100 pessoas que foram lesadas pelas condutas criminosas do grupo.
Do Jornal de Fato
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