Alex Régis
Presença em áreas como construção civil ainda é pequena
Em meio a conjuntura
de retração econômica e alta taxa de desemprego, a participação das mulheres no
mercado de trabalho vem – na contramão - crescendo no Rio Grande do
Norte. Dos 130 mil postos de trabalho criados no Estado, entre o início de 2012
e o início de 2015, 90% foram ocupados por elas. Com isso, a proporção de
mulheres na população ocupada subiu de 38,1% para 42,1%. Já a taxa de
desocupação delas caiu de 14,3% para 11,9%, no mesmo período. Mas nem tudo é
motivo de comemoração. A remuneração - embora registre crescimento - continua
inferior ao que é pago entre os homens ocupados.
Os dados se referem
a pessoas com 14 anos ou mais, com empregos formais ou não, levantados pela
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua),
divulgada pelo IBGE.
Analistas de mercado
apontam como fatores para o crescimento da taxa de ocupação entre as mulheres,
o avanço na inserção em segmentos que apresentaram crescimento, maior
escolaridade, mas nem tudo é mérito da força de trabalho feminina. Os dados
podem ter reflexo do chamado “efeito estatístico”, explica o economista e superintendente
do IBGE no Rio Grande do Norte, Aldemir Freire.
Ou seja, o
crescimento é maior na taxa de ocupação entre as mulheres porque a perda em
postos de trabalho foi maior entre os homens, puxada sobretudo pelas demissões
na construção civil e na agricultura onde a mão de obra é, ainda,
majoritariamente masculina. Somente na construção civil, o número de pessoas
ocupadas, entre o primeiro trimestre de 2014 e o mesmo período deste ano, caiu
28% - são 41 mil trabalhadores a menos nos canteiros de obra.
“Entre os homens, a
desocupação cresceu consideravelmente e isso também pode interferir na
pesquisa. Fato é que as mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de
trabalho, sobretudo em áreas como comércio, serviços, educação e saúde”,
analisa o superintendente do IBGE-RN.
O coordenador do
mestrado em Economia da UFRN e do Grupo de Pesquisa sobre Mercado de Trabalho
da mesma universidade, William Eufrásio Pereira, atribui o crescimento da
ocupação feminina a dois fatores: de ordem estrutural, com a presença
maior em postos de trabalho formais e informais, que vem crescendo
historicamente.
Salários
O segundo é de ordem
“conjuntural”, explica William Pereira, e reflete uma realidade negativa para o
público feminino: a diferença salarial. “Em tempos de crise, com recessão de
mercado e necessidade de cortar gastos, adequar a finanças, algumas empresas
preferem optar pela mão de obra feminina que, infelizmente, ainda recebe
menores salários”, explica o economista e analista de mercado de trabalho.
Dados da Pnad
contínua mostram que o rendimento das mulheres no primeiro trimestre deste ano
cresceu pelo quarto ano consecutivo na Região Metropolitana de Natal. Saindo da
média de R$ 1.082,00, no primeiro trimestre de 2012, para R$ 1.136,00, nos primeiros
três meses desse ano.
Apesar de positivo,
o resultado quando comparado a remuneração paga aos homens mostra que a
discrepância ainda é acentuada. Na relação entre o rendimento médio real de
todos os trabalhos, os salários recebidos pelas mulheres corresponde a 75,31%
do dos homens.
Essa diferença
salarial, avalia José Alves de Andrade Filho - Consultor de recursos humanos da
DJL Consultoria, é mais comum nos cargos de gerência e diretoria, pois,
nos cargos operacionais e de supervisão os salários são compatíveis, e em
alguns casos as mulheres chegam a ganhar mais. “A cada dia essa diferença
diminui, mas alguns empresários ainda possuem pensamento "machista" e
acreditam que a mulher não pode ganhar o mesmo que o homem”, disse.
Da Tribuna do Norte
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