Ana Silva
A conta de luz é um dos custos que tem pesado mais no bolso
O tarifaço aplicado pelo governo nas
contas de luz ao longo do primeiro semestre do ano já triplicou o crescimento
da inadimplência no setor. Com aumentos nas tarifas superiores a 50% em algumas
regiões do País, a expansão dos calotes nas faturas saltou de uma variação
média de cerca de 6% no começo do ano para 17,35% em junho, na comparação com
os mesmos meses de 2014. A preocupação das distribuidoras de energia é que esse
problema resulte no crescimento de outro: os furtos de energia, popularmente
conhecidos como "gatos" na rede elétrica.
De acordo com dados do SPC Brasil, a falta de pagamento de contas de luz já respondia por 6,47% das dívidas dos brasileiros no mês passado. Essa é a maior participação do setor no total de calotes desde quando a entidade passou a acompanhar os dados, em janeiro de 2010. Na época, os atrasos nas faturas de eletricidade representavam apenas 2,53% da inadimplência no País.
De acordo com dados do SPC Brasil, a falta de pagamento de contas de luz já respondia por 6,47% das dívidas dos brasileiros no mês passado. Essa é a maior participação do setor no total de calotes desde quando a entidade passou a acompanhar os dados, em janeiro de 2010. Na época, os atrasos nas faturas de eletricidade representavam apenas 2,53% da inadimplência no País.
"Além do aumento nas tarifas, o
cobertor está cada vez mais curto devido ao aperto na renda e à alta dos juros.
Com isso, os consumidores estão atrasando até faturas essenciais, que acarretam
o corte de serviço, como é o caso das contas de luz. Nesse cenário, é ainda
mais importante que as famílias reavaliem seus orçamentos e economizem
eletricidade, evitem o desperdício" avalia a economista-chefe do SPC
Brasil, Marcela Kawauti.
E pior do que o crescimento dos débitos em
aberto no setor, as dívidas mais longas estão cada vez mais frequentes. O
levantamento do SPC Brasil mostra que 71,98% dos atrasos nas faturas se referem
a contas de luz vencidas há mais de 90 dias, prazo após o qual as companhias de
eletricidade cortam o fornecimento. E como se trata de um item básico nas
residências, sempre que um movimento desses é detectado, ocorre um aumento nas
chamadas "perdas não técnicas" de energia, ou seja, nos gatos nas
redes.
"Esse é o pior dos mundos. Com a dívida
acima de 90 dias, além do corte de energia o consumidor passa a ficar com o CPF
negativado. E ele pode até conseguir fazer um gato na rede de luz, mas não
consegue fazer um gato para comprar qualquer mercadoria a prazo", alerta
Marcela. "O importante é tentar renegociar a dívida", orienta.
Os dados mais recentes da Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) mostram que a porcentagem desses gatos nas redes das
elétricas vinha caindo lentamente ou mantendo-se constante entre 2010 e 2014
para praticamente todas as distribuidoras.
Cada região do País tem um porcentual diferente
de furtos apurados pelas empresas, e a Região Norte apresenta os piores
resultados. Mas como o tarifaço deste ano foi maior para os consumidores das
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, as companhias temem uma deterioração dos indicadores
de perdas nessas regiões, que hoje são as mais eficientes em conter os furtos.
Para a Associação Brasileira de Distribuidores
de Energia Elétrica (Abradee), as companhias precisam aumentar a fiscalização
para que falta de pagamento não resulte em ainda mais prejuízo com o furto de
eletricidade. "Não existe um patamar melhor ou pior de inadimplência.
Sempre é ruim. E quando aumenta isso significa mais trabalho e mais custo para
as empresas para evitar um transtorno ainda maior", avalia o presidente da
entidade, Nelson Leite.
Estadão Conteúdo via Tribuna do Norte
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