Bula tipânica de um dos golfinhos que encalhou em 2013 em Areia Branca cheia de parasitas
Os biólogos do Projeto Cetáceos da Costa Branca divulgaram na tarde
desta segunda-feira, 22, as razões científicas para o encalhe de mais de
30 golfinhos (falsas orcas) na Praia de Upanema, na costa do município
Areia Branca, há exatamente um ano.
O anúncio do estudo inédita no mundo foi feito em entrevista coletiva
na tarde desta segunda, 22, no Hotel Costa do Atlântico, em Areia
Branca, com a presença do reitor Pedro Fernandes, da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte, e da prefeita Luana Bruno.
O projeto Cetáceos da Costa Branca envolve pelo menos 40 pessoas entre
especialistas, estudantes e comunidade. o trabalho nos golfinhos foi
feito pelos professores/doutores Ana Paula, Simone Brito e Flávio Lima,
do Departamento de Ciências Biológicas da UERN.
Segundo o coordenador do projeto, professor/doutor Flávio Lima, da
UERN, as análises de laboratórios em Mossoró no Rio de Janeiro apontaram
que os golfinhos estavam com 20 vezes mais mercúrio no sangue do que os
padrões internacionais estabelecidos.
Conforme o professor, Flávio Lima, o diagnóstico foi feito em análises
no sangue dos animais nos laboratórios da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro. O mercúrio, que teria se acumulado ao longo da vida dos
animais, teria feito a imunidade deles baixarem.
“Com a imunidade baixa, os parasitas que geralmente ficam no intestino
do animal, migraram para uma reunião da cabeça conhecida por 'bulas
tipânicas", que serve para o animal ter uma orientação espacial. "No
caso, eles estava desorientados e perderam o rumo", diz o professor.
Os golfinhos da espécie ‘falsa orca’, que chegam a pesar 2 toneladas e
medir até cinco metros, tem hábito de nadar em grande número em águas
profundas, migrando de polo a polo. Costumam se alimentar de peixes de
30 a 40 centímetros, que pescam nos oceanos.
Detalhe: estavam todos de estômagos vazio.
E os professores acreditam que os golfinhos teriam se alimentado com
peixes contaminados com mercúrio ao longo de suas vidas. Isto porque
havia um golfinho bebê que morreu na praia de Areia Branca, que foi
examinado e os especialistas não encontraram mercúrio nele.
Já nos outros maiores, havia grandes quantidades, o que teria baixado a
imunidade dos animais, deixando-os com vários tipos de doenças, tudo
detectado nas análises de laboratório feito nas amostras colhidas pelos
especialistas nas falsas orcas mortas ano passado.
O professor Flávio Lima disse que foram feitas diversas análises e
testes para encontrar nos organismos dos oito animais mortos a presença
de hidrocarbonetos, que são oriundos da indústria do petroleo, mas todos
os textes e análises deram negativos.
Encalhe
Em 2003, o grupo de 30 falsas orcas encalharam na Praia de Upanema, em
Areia Branca. Os especialistas do projeto Cetáceos, que monitoram uma
costa de 400 km da cidade de Touros, no RN, a Aquiráz, no Ceará, agiram
rápidos e conseguiram salvar 24 animais (83%). Seis morreram. Outros
dois animais morreram na mesma região nos dois dias seguintes.
Os especialistas acreditam que os animais atordoados com os parasitas
na bula tipânica migraram para as águas rasas da Praia de Upanema,
ficando presos numa área rochosa. Alguns ficaram feridos se debatendo.
Assim que foram informados (4h25), os especialistas do projeto Cetáceos
correram para local e iniciaram, junto com os moradores locais (usan
API), a conduzir os animais de volta para mar.
Nem todos conseguiram. Um bebê golfinho foi o primeiro a morrer. Depois
se perceberam duas fêmeas. Ao final, haviam mortos 4 fêmeas e quatro
machos. Nos animais mortos, os especialistas fizeram coletas de matarial
do intestino e os crânios para estudos apurados e aprofundados em
laboratório. Segundo Flávio Lima, logo na coleta já foi possível
perceber alteração nos intestinos.
Reitor destaca importância da transferência de conhecimento
O reitor Pedro Fernandes, da UERN, disse que recentemente esteve em
Brasília, e visitou todos os gabinetes dos deputados e senadores e
nenhum deles conheciam o Projeto Cetáceos da Costa Branca, executado
pelo depatamento de Ciências Biológicas da UERN em parceria com
Petrobras, Fundação Guimarães Dutra, entre outras entidades num região
costeira que vai de Touros no Rio Grande do Norte a Aquiraz, no Ceará.
São 400 km.
"Percebi alí que tinhamos que dá publicidade o trabalho que é feito
pelos professores, alunos e seus respectivos resultados, bem como a
produção e transferência de conhecimento para as comunidades onde atuam
os especialistas e também para a comunidade científica internacional",
informa.
Ainda conforme o reitor, os professores e alunos capacitam os moradores
das praias onde eles atuam para, no caso de aparecer alguma tartaruga
marinha, golfinho, botos, peixo boi, baleias, tubarões, entre outras
espécies, acionam imediatamente os especialistas do Projeto Cetáceos.
"Os nosso monitores percorem por dia cerca de 400 quilômetros em
quadriciclo monitorando as praias.
Divulgando o trabalho dos professores e alunos, junto as comunidades,
bem como os resultados das pesquisas, para vice-reitor Aldo Godin, que
também acompanhou a entrevista coletiva, será possível conseguir mais
recursos para ampliar a universidades, ampliar o projeto. "Estamos
trabalhando para a universidade proporcionar crescimento através do
conhecimento", destaca o professor.
Projeto Cetáceos tem sede que vai ser ampliada em Areia Branca
Ao final da esposição do resultado das pesquisas científicas que
apontaram a causa do encalhe dos golfinhos em Areia Branca, a prefeita
Luana Bruno, do PMDB, fez um breve pronunciamento, para anunciar a
doação de um terreno na Praia de Upanema para construir a sede própria
do projeto.
Atualmente funciona numa casa, onde foram adaptados para receber os
animais marinhos que são encontrados nas costa branca, trata-los e
depois devolve-los ao mar. Nesta segunda-feira, 22, haviam 4 tartarugas
sendo tratadas. Uma de grande porte.
A prefeita Luana Bruno disse que vai enviar proposta de doação de
terrenos ao projeto ao Poder Legislativo, para aprovação. Logo após
passar por este processo, será providenciado a documentação e a doação
oficial da área a Projeteto Cetáceos.
Do Jornal de Fato
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