sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
“Se eu abrir a boca o Estado fecha”
Os fatos relacionados à Operação Hígia levantam uma preocupação: em quantos outros órgãos públicos o suposto esquema teria funcionado? A preocupação é justificada, afinal quem narrou os fatos na saúde, garante que ocorria o mesmo em outras secretarias. Anderson Miguel, que delatou o esquema nos contratos de serviços com a Sesap, evita ser mais preciso nas denuncias, mas garante: “Se eu abrir a boca, o Estado fecha”. O Ministério Público vê indícios de fatos semelhantes em pelo menos outra secretaria: Educação.
O deputado estadual Wober Júnior, citado desde a última semana nos interrogatórios do processo referente à Operação Hígia, responde a uma ação de improbidade administrativa na 3a. Vara da Fazenda Pública que derivou da mesma investigação da Polícia Federal sobre o pagamento de propinas a servidores públicos na Secretaria Estadual de Saúde. Wober Júnior não é réu do processo da Operação Hígia. Mas, após um trabalho conjunto entre Polícia Federal e Ministério Público Estadual, passou a ser acusado de improbidade, junto com outros ex-gestores.
Os fatos dizem respeito à gestão de Wober Júnior à frente da Secretaria Estadual de Educação no ano de 2004. Algumas das empresas envolvidas são as mesmas da Operação Hígia e o empresário Herberth Florentino, do Grupo Emvipol, também é citado como réu nos dois processos. Em julho desse ano, o MPE pediu a quebra do sigilo bancário de Wober Júnior, Hudson Brandão e Ana Cristina Cabral, todos ex-secretários. Desde a chegada da movimentação bancária dos ex-gestores, o processo entrou em “segredo de Justiça”.
À época do início das investigações por parte do Ministério Público, a Polícia Federal havia remetido gravações realizadas na apuração dos fatos da Operação Hígia. Nesses áudios, o ex-secretário de Esportes João Henrique Lins e empresários como Anderson Miguel, dono da A & G Locação, falam na suposta intenção de Wober Júnior, já como chefe da Casa Civil, em interferir numa licitação em favor do “pessoal dele”. Segundo Anderson Miguel, essa empresa seria a Condor Administração e Serviços LTDA.
A partir desses e de outros diálogos, o Ministério Público passou a investigar os contratos da Condor Administração e Serviços – empresa que faz parte do Grupo Emvipol – com a Secretaria Estadual de Educação e verificou uma série de contratos com dispensa de licitação, tanto na gestão Wober Júnior quanto do ex-secretário Hudson Brandão.
A contratação era para fornecer serviços de portaria às escolas estaduais. Após essa fase, entra em cena, nesse processo, uma das personagens-bomba da Operação Hígia: Jane Alves. Em depoimento à Promotoria da Fazenda Pública, ela prestou informações semelhantes: que havia um esquema para fraudar licitações e contratar empresas escolhidas por pessoas do primeiro escalão do Governo do Estado, entre elas, Wober Júnior.
Fonte: Tribuna do Norte
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