Em apenas três anos, o número de pessoas contaminadas com HIV-Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, doença do sistema imunológico humano causada pelo vírus da imunodeficiência humana - HIV) em Mossoró passou de 16 para 36 casos anuais confirmados. A comparação é feita entre 2007 e 2010, quando se registrou recordes constantes no número de pessoas contaminadas. Hoje, a cidade representa sozinha metade dos infectados na região do Alto Oeste potiguar, que teve ao todo 72 casos da doença no ano passado.
O aumento brusco é observado claramente diante dos dados: em 2004, constatou-se a contaminação de apenas uma pessoa, e nenhuma morte em Mossoró. Em 2007, um salto: 16 casos e três mortes. Novo pulo em 2008: 34 casos com cinco mortes. Chegou, depois, a diminuir em 2009, com 27 casos e quatro mortes. Ano passado, o recorde dos seis anos de registro: 36 casos confirmados, com aproximadamente dez mortes (os dados ainda podem ser atualizados).
Estes números fazem parte do levantamento feito pelo serviço de assistência social do Hospital de Doenças Infectocontagiosas Rafael Fernandes - único centro hospitalar de referência da região que trata da doença - e mostram um crescimento vertiginoso e preocupante da Aids em Mossoró.
"É um sinal de que as campanhas têm que ser intensificadas, principalmente entre adolescentes e jovens", opina o coordenador da Vigilância Epidêmica do hospital, Antonio Braz.
Braz explica que, por enquanto, não existem explicações oficiais sobre o que pode ter ocasionado esse aumento, mas desconfia de dois fatores básicos: o crescimento populacional e uma quantidade maior de exames feitos nos últimos anos por aqui. Ele informa ainda que para tentar combater esse crescimento - considerado vertiginoso -, a Vigilância Sanitária realiza anualmente reunião para definir o Plano de Ação e Metas do Programa de Combate DST/ Aids.
Vergonha de fazer o exame pode esconder situação mais grave
Segundo o coordenador, dois fatores podem esconder uma realidade ainda mais grave. Primeiro, o controle dos dados são instáveis, por causa da procura inconstante dos pacientes. Segundo, apesar de a doença atingir todas as classes sociais, muita gente ainda tem medo ou preconceito consigo mesmo e evita fazer o exame. Essas dificuldades, muitas vezes, acabam por camuflar a realidade.
"É complicado de fazer o controle, porque geralmente os pacientes que fazem tratamento aqui são de outras cidades. Além disso, tem pacientes de Mossoró que procuram hospitais de outras cidades para fazer o exame, por causa do preconceito", explica Braz. Ele diz que essa situação não é um caso isolado de Mossoró: "Tem pacientes do Ceará que procuram tratamento no Rafael Fernandes".
A coordenadora do programa municipal DST/Aids, Elisângela Gurgel, comenta a mesma situação. Para ela, existem dois tipos de comportamentos que caracterizam pessoas que evitam fazer o exame para verificar se é portador ou portadora da doença.
"Algumas pessoas deixam de fazer o exame por medo. Pensam: 'E se for, o que eu faço?'. Acabam não fazendo. E, no outro tipo, há aquele grupo de pessoas que tem certeza de que não tem a doença, geralmente porque já são casadas e tem só um parceiro há muito tempo. Mas a gente sabe que isso não é mais garantia de nada. É difícil também porque as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) não são de notificação obrigatória", elucida.
TRATAMENTO
O tratamento é feito dentro de um programa chamado Serviço de Atendimento Especializado (SAE). Ele consiste basicamente de monitoramento médicos e medicação antirretroviral. Inclui também assistência psicológica, odontológica e nutricional. Todos os serviços são oferecidos gratuitamente no Hospital Rafael Fernandes.
Para ter acesso é preciso primeiramente fazer o exame de verificação, que hoje é realizado no Centro Clínico Professor Vingt-un Rosado (PAM do Bom Jardim). Desde 2009, existe lá um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). "É útil para quem procura fazer exame de HIV e sífilis. É com total discrição e sai rápido, com vinte minutos. Funciona de segunda a sexta”.
A manifestação inicial do HIV, presente entre 50 e 70% dos casos, é semelhante a uma gripe ou mononucleose infecciosa e ocorre de duas a quatro semanas após a infecção. Pode haver febre, mal-estar, linfadenopatia (gânglios linfáticos inchados), eritemas (vermelhidão cutânea), e/ou meningite viral. Caso haja desconfiança, é preciso fazer o exame.
Tratada e dependendo do grau de gravidade, a pessoa contaminada pode viver normalmente. "Há paciente que há muitos anos tem a doença e quase não trata. Outros se tratam e morrem repentinamente. Por isso, é preciso fazer o monitoramento constantemente e cuidar da alimentação, moderar nas drogas e nas bebidas alcoólicas", aconselha Antonio Braz.
Fonte:Jornal O Mossoroense
Nota do Blog: Por isso usar sempre a camisinha além de prevenir contra a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Lembre-se AIDS não tem cura
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