Após protesto, shopping admite barrar pessoas em João Pessoa

 Estudantes fizeram protesto em frente ao Shopping
Tambiá (Foto: Walter Paparazzo/G1)

Após um protesto que aconteceu na tarde desta quarta-feira (24), o Shopping Tambiá enviou um comunicado à imprensa admitindo que barra a entrada de algumas pessoas no estabelecimento, mas nega atos de discriminação. Estudantes foram para a porta do shopping, no Centro de João Pessoa, protestar contra o que eles consideram preconceito do estabelecimento contra jovens negros, pobres e gays.

De acordo com a nota, o “controle rígido de acesso” ao shopping é realizado apenas às quartas-feiras, no horário entre 15h e 18h. Esse é o horário em que, de acordo com a direção, o shopping tem sido palco do agendamento de confrontos entre grupos nos últimos anos. Por isso, o controle de acesso se fez necessário, para garantir a segurança dos clientes. “O Shopping lamenta e se desculpa se causou algum desconforto”, diz o comunicado.

Diante da ameaça de protesto, para preservar clientes e funcionários, a administração do shopping decidiu fechar as lojas às 13h30, no horário local, e a Praça de Alimentação às 14h. Tapumes foram colocados na entrada para proteger as portas de vidro. O policiamento foi reforçado no local e a Superintendência de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob) interditou a rua em frente ao shopping.

 

Manifestantes reclamaram de racismo e abuso da
segurança do shopping (Foto: Maurício Melo/G1)

 

Entenda o caso

Uma manifestação de estudantes aconteceu na tarde desta quarta-feira (23) em frente ao Shopping Tambiá. Eles acusam o shopping de agir com preconceito contra pobres, negros e homossexuais, inclusive barrando alguns deles na porta. A manifestação reuniu entre 150 e 200 pessoas, que levaram bandeiras para a frente do shopping e fizeram batucadas, gritando palavras de ordem.

O protesto foi convocado pelas redes sociais em resposta ao conflito que aconteceu na quarta-feira (16) na praça de alimentação do shopping durante uma outra manifestação pelo mesmo motivo. Nesta ocasião, seis pessoas foram detidas, sendo dois adolescentes, e o shopping destacou que todas a medidas tomadas foram para garantir a segurança dos clientes. O caso ganhou ainda mais repercussão porque várias testemunhas filmaram e divulgaram na internet cenas das agressões.

Segundo uma publicação do Movimento Levante Popular da Juventude, que organiza os protestos, em uma rede social, jovens negros e pobres estão sendo impedidos de entrar no shopping pelos seguranças. Ainda de acordo com a nota, os seguranças "estão julgando de forma preconceituosa os jovens que querem estar no estabelecimento comercial, julgando as pessoas pela sua aparência". O coletivo é taxativo ao acusar o shopping de racista.

Uma das integrantes do Movimento Levante, Élida Lima, garantiu que o ato foi pacífico. Ela acredita que o shopping foi fechado para evitar que os clientes e usuários não soubessem do que se tratam as reinvindicações. “Eles estão alegando que foi para evitar transtornos. Mas já era sabido que a gente não ia entrar no shopping, era só uma manifestação em caráter de denúncia do lado de fora, como está sendo feito”, disse Élida.

Fonte: G1 PB