Chuva de meteoros em Vancouver (Reprodução: Nasa)
O espetáculo vem do espaço. Na noite desta quarta-feira (12) e madrugada de quinta-feira (13), um fenômeno conhecido como Perseidas – uma chuva de meteoros – promete muita beleza e brilho no céu.
As Perseidas são detritos do cometa Swift-Tuttle que foi visto da Terra pela última vez em 1992. Anualmente, em agosto, a Terra cruza a órbita do cometa e é possível observar o fenômeno. No Brasil, as regiões Norte e Nordeste são as melhores para visualização.
O astrônomo Dr. José Ronaldo, professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), explica o fenômeno e orienta sobre o melhor horário e condições para observar a chuva de meteoros em Mossoró. Confira:
José Ronaldo é astrônomo e professor da UERN (Foto: Reprodução/Facebook)
Gazeta do Oeste – O que é uma chuva de meteoros? Como ocorre esse fenômeno?
José Ronaldo – Tudo começa com um cometa, o qual em sua viagem pelo espaço deixa um rastro de detritos, que em geral são pequenos pedaços de rochas. Quando esse rastro situa-se próximo à órbita da Terra, anualmente nosso planeta vai encontrá-lo. Quando isso ocorre, a Terra vai atrair esses detritos, que ao cair são incinerados pelo atrito com a atmosfera. O fenômeno torna-se brilhante no céu, formado um rastro luminoso, de beleza única, particularmente quando são em grande número, como é o caso da chuva de meteoros. No caso das Perseidas, os detritos foram deixados pelo cometa Swift-Tuttle, que foi visto da Terra pela última vez em 1992.
Gazeta do Oeste- Há risco de um desses detritos atingir a Terra?
José Ronaldo – Os detritos têm tamanhos relativamente pequenos. Eles entram na atmosfera com altas velocidades, entre 11 e 72 km/s. Logo, ao encontrarem a atmosfera, o impacto praticamente os pulveriza em fragmentos ainda menores, os quais são incinerados quase que instantaneamente. Considerando que esse processo ocorre a uma altura de 80 km acima da superfície, o risco de que um desses detritos nos atinja é muito pequeno.
Gazeta do Oeste – Será possível visualizar essa chuva de meteoros em Mossoró? Dá pra ver a olho nu ou é preciso um telescópio?
José Ronaldo – A chuva de meteoros é semelhante a uma explosão de fogos de artifício, ou seja, há um ponto no céu a partir do qual os feixes luminosos parecem sair. Este ponto situa-se em uma constelação, que dá o nome à chuva de meteoros. No nosso caso, a constelação é Perseu, daí o nome Perseidas. Para ver o fenômeno basta ficar observando esta constelação no horário adequado. Imaginando que você esteja no centro da cidade de Mossoró, por volta de 1h da madrugada, olhe um pouco acima do horizonte à esquerda da UERN. Então basta ficar atento e assistir ao espetáculo. Espera-se que no auge das Perseidas, o que ocorre após as 2h da madrugada, tenhamos uma taxa de 50 a 60 meteoros por hora. Não é necessário usar instrumentos ópticos, além do olho, claro.
Gazeta do Oeste- Quais as melhores condições para observação?
José Ronaldo – A previsão é que o céu esteja livre de nuvens, então não deveremos ter problemas com a observação. Entretanto, como se trata de um fenômeno com periodicidade variável, no sentido de que de repente você pode ver vários meteoros e depois pode esperar um bom tempo até ver outro, recomenda-se que procure acomodar-se confortavelmente. Também é melhor observar em grupo, pois quanto mais olhos vigiando o céu, menor será a possibilidade de perder um evento, que geralmente ocorre muito rápido.
Gazeta do Oeste- Há quanto tempo o senhor estuda Astronomia?
José Ronaldo – Quando se cresce próximo da praia é quase impossível não adquirir o hábito de observar o céu. Assim, desde muito cedo, desenvolvi o interesse pela astronomia. Fiz minha graduação em física nos anos 90 e em seguida fiz uma pós-graduação em astrofísica, concluindo meu doutorado em 2003. Desde que vim trabalhar na UERN, em 2002, sempre procurei divulgar a astronomia nas escolas e pela imprensa. Hoje na UERN é possível fazer o curso de física e uma pós-graduação em astrofísica. Assim, sempre aproveitamos esses espaços para motivar os jovens a seguirem a carreira de físico astrônomo, a qual desponta como muito promissora no mundo e, em particular, no nosso país.
Do Jornal Gazeta do Oeste
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